[Minhas pálpebras câimbras]
Na tortura alada ao lado
Quando me viro ao debruçar em ver-te
Teu verde e azul olho parado!
Doem com fissura até o âmago
O desatino do amor presente
Vive em mim a perturbação do teu olhar
Que conseguinte em meu rosto se fazendo ausente
Como indigesto tua penumbra artística
Em constatar com que os beijos enfies
Dos ordinários cegos que esteados ficam
Ao tocar em teus lábios edível
És de virgem signo e corpo
Nu enaltecido em meus dedos
Que me proponho caloroso em tocar
Retirar de ti o afago de teus medos
Possuir teus olhos ardentes dominadores
Que culminam minha nostalgia até o fundo
Mergulhar na tua mente impenetrável
Descobrir as galhardias do teu mundo
Edvijes, não me vire teu lamento.
Nem tão pouco me contenta com teu pudor
Teus ardilosos jeitos e conquista
Teus olhos que declinam meu sabor
E por minha fé ferida que em ti depositei
Ao caminhar-te tão sozinha ao negar o meu amor
Hoje canto por tuas veredas vazias
Onde só me deixaste amarga dor
E de encontro ao seu olhar me levo
De viver em vida me renego
Se não pude ao menos te amar
No impulso caloroso do prazer te espero
E ao gozar limiar sentido
Vejo-me nu com a boca em teu olho cego
Que não viste o amor que tanto insisti
Em fazer-te levar contigo o que levo
O sonho que por vez vivo dormindo
Faço um pesadelo em derredor sem sorte
Vou enaltecer-te em pensamentos
Edvijes minha direção de vida, meu norte.
Enfim tão desaguado estou
Com água na boca, petrificado.
Em desejar-te encaixando em mim
Fazendo o suor ser o som de meu lábio calado
Quimera de meus dias
Outrora das noites
Vago sem ti Edvijes
Vago em pernoites
E se nem a morte até ti me levar
De vida nada terei sem teu prazer
Mas prefiro viver o vazio e a dor
Do que morrer sem teu devasto amor...
Priscilla Marfori.